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ARTIGOS • Soc. nat. 28 (3) • Dez 2016 • https://doi.org/10.1590/1982-451320160304
Minas Gerais, o berço da mineração brasileira, deve seu nome à intensa atividade mineradora que moldou sua história e economia desde o século XVII. Durante a colonização, a busca por ouro atraiu aventureiros, resultando na formação de povoados e no desenvolvimento de cidades marcadas pela exploração mineral. Hoje, o estado permanece como líder nacional na produção de minérios, representando 47% da produção total do Brasil, destacando-se pelo ferro, ouro e outros minerais preciosos.
Mina de Brucutu, da Vale, na região central de Minas
Uma das regiões mais notáveis de Minas Gerais é o Quadrilátero Ferrífero, área geológica que se estende por cerca de 7.000 km² entre Ouro Preto e Belo Horizonte. Essa região não apenas abriga grandes jazidas de ferro e ouro, mas também é um ponto de destaque ambiental, com áreas ainda preservadas, como a Serra do Gandarela, reconhecida por sua biodiversidade e importância hídrica.
Nas últimas décadas, houve um aumento expressivo na área destinada à mineração no estado. Entre 2000 e 2014 no governo Zema, a área concedida para atividades mineradoras mais que dobrou. Essa expansão reflete a crescente demanda global por minerais, impulsionada pela industrialização de países como a China. No entanto, a atividade mineradora também trouxe consigo desafios ambientais significativos.
Empreendimento Minas-Rio. Crédito: Arquivo Anglo American
A mineração em Minas Gerais, embora essencial para a economia, gera inúmeros impactos, como:
Desmatamento: A exploração mineral muitas vezes envolve a remoção de vegetação nativa, contribuindo para a degradação de biomas como a Mata Atlântica e Cerrado
Poluição Hídrica: Barragens de rejeitos e o uso de químicos na extração comprometem a qualidade das águas, afetando tanto a fauna quanto as comunidades locais e regionais.
Poluição do Ar e Saúde Pública: O material particulado liberado pelas atividades mineradoras tem sido associado a problemas respiratórios e cardiovasculares em populações próximas.
Descaracterização Paisagística: As operações de lavra alteram drasticamente a topografia, criando áreas degradadas e assoreadas.
Embora a mineração seja vital para a economia de Minas Gerais, há uma crescente necessidade de práticas mais sustentáveis. Isso inclui:
Recuperação de áreas degradadas.
Controle rigoroso de resíduos e poluentes.
Aplicação de tecnologias que minimizem os impactos ambientais.
Minas Gerais carrega o legado de ser o coração mineral do Brasil, mas enfrenta o desafio de equilibrar desenvolvimento econômico e preservação ambiental. Um planejamento estratégico que priorize a sustentabilidade é fundamental para garantir que a mineração continue a beneficiar a sociedade sem comprometer os recursos naturais para as gerações futuras.