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Fundação e Primeiros Anos (1989 – início dos anos 1990) O Projeto Matriz nasceu em outubro de 1989, idealizado por João Bosco Costa Lima e Betânia Guimarães, com a proposta de levar arte e cultura de forma gratuita à população de Conceição do Mato Dentro. A inspiração veio da vontade de oferecer à comunidade espetáculos de qualidade em praça pública, reunindo tanto artistas locais quanto nomes consagrados da música e do teatro nacional.
A primeira edição foi marcada por improviso e entusiasmo. O palco foi montado com madeirites cedidos pela prefeitura e coberto por lonas emprestadas de caminhoneiros. Uma forte tempestade arrancou a cobertura e encharcou o equipamento de som. Sem desistir, os organizadores secaram os aparelhos com secadores de cabelo emprestados e realizaram o evento no domingo de dia — criando uma tradição que permanece até hoje.
os primeiros anos, os camarins e hospedagens também eram improvisados: casas de moradores, escolas e até o quartel da cidade se transformavam em alojamentos para artistas e técnicos. As refeições muitas vezes eram preparadas coletivamente, em cozinhas emprestadas, reforçando o espírito comunitário do festival.
Cia Reviu a Volta
Aos poucos, o festival foi ganhando corpo. Com a adesão da comunidade e a chegada de novos patrocinadores, as estruturas melhoraram. A programação passou a incluir não apenas música popular brasileira, mas também música erudita em igrejas, espetáculos de dança, teatro, circo, exposições fotográficas e oficinas para crianças.
O público inicial, formado basicamente por moradores, foi crescendo com a chegada de visitantes de Belo Horizonte, Brasília e outras regiões. A fama de que “quem se apresentava na Matriz ficava famoso” ganhou força, já que diversos artistas que passaram pelo festival despontaram depois no cenário nacional, como Cássia Eller, Ana Carolina, Jota Quest, Pato Fu e Vander Lee.
Ao longo de sua história, o Matriz enfrentou inúmeros desafios. A divulgação quase sempre em cima da hora gerava comentários de que era estratégia de marketing, mas na prática refletia as dificuldades de aprovar o festival nas leis de incentivo, captar recursos e fechar a programação em tempo hábil.
A logística de hospedagem e alimentação também era um desafio. Em algumas edições, foram montadas até cinco casas simultâneas para receber artistas, com móveis, utensílios e roupas de cama emprestados por moradores.
As refeições iam de frango com quiabo a massas, tudo preparado em mutirões. Apesar disso, o festival nunca deixou de acontecer, mantendo viva a tradição de oferecer cultura gratuita e de qualidade.
Mais que um festival, o Projeto Matriz se tornou um espaço de formação artística. Muitos jovens da cidade tiveram o primeiro contato com o teatro, a música e as artes visuais durante suas oficinas e apresentações. Alguns desses jovens se tornaram artistas profissionais, creditando ao festival sua descoberta e incentivo inicial.
O evento também se consolidou como um símbolo de democratização da cultura, sem áreas VIP ou barreiras. O público convive lado a lado com artistas e produtores, num ambiente plural e acolhedor.
Ao longo de 25 anos, o Matriz trouxe para Conceição do Mato Dentro nomes como Paulinho da Viola, Gilberto Gil, Luiz Melodia, Hermeto Pascoal, Erasmo Carlos, Dominguinhos, Beth Carvalho, Chico César, Vanessa da Mata, Mart’nália, Yamandu Costa, Zeca Baleiro, entre muitos outros.
O festival também abriu espaço para companhias de teatro e dança como o Grupo Galpão, Armatrux, Companhia Mineira de Dança, Grupo Atrás do Pano e Grupo Candongas, além de corais e orquestras renomadas.
Ao mesmo tempo, sempre manteve em sua essência a valorização da produção local e regional, dando palco a músicos, grupos de dança, artesãos e artistas plásticos de Conceição do Mato Dentro e de Minas Gerais.
Além de sua importância cultural, o Matriz se tornou um motor para o turismo local. Muitos visitantes, atraídos pela programação, aproveitaram a estadia para conhecer as belezas da região, como a Cachoeira do Tabuleiro. Esse movimento fortaleceu bares, restaurantes, pousadas e consolidou a cidade como destino cultural e turístico.
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