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A Fazenda Cipó, também conhecida como Cipó Velho, possui uma trajetória que se inicia em 11 de maio de 1746, quando o Sr. José dos Santos Ferreira obteve uma outorga de vasta extensão de terra. Essa área, inicialmente identificada como Sesmaria do Cipó – também denominada Roca Santa Ana nas Jaboticatubas e, posteriormente, Fazenda Santa Cruz do Cipó – foi concedida com a incumbência de promover o "desenvolvimento" de uma região que, à época, era desprovida de qualquer comunidade ou habitação “civilizada”.
Seus contornos, hoje estimados, abrangiam diversas localidades atuais como Jatobá, Vargem Grande, Curral Queimado, Espada, Usina, Vau da Lagoa, Palácio, Chapéu de Sol, Bandeirinhas, João Congo, Lapinha, Cardoso, Xiru, Fazenda do Cipó, Açude, Campinho e Cardeal Mota, além de incluir as nascentes e as primeiras vertentes dos rios Cipó e Paraúna.
Logo após a concessão, o Guarda-Mor José dos Santos Ferreira transferiu a propriedade da sesmaria aos irmãos Felício de Morais e João de Morais, oriundos de Bom Jardim, próximos à atual sede do município de Jaboticatubas. Os irmãos Morais construíram a primeira casa na sesmaria, erguida à beira do ribeirão Cipó, quase no sopé da Serra do Espinhaço. Essa edificação, que serviu de núcleo para o estabelecimento do empreendimento agrícola, hoje integra a residência da Antônia, funcionando como cozinha, despensa e quartos anexos. Os irmãos, pioneiros na região, estabeleceram suas famílias e iniciaram um cultivo voltado exclusivamente para a mamona – atividade que, entretanto, não lhes rendeu grande prosperidade, evidenciada pelo fato de terem habitado uma casa modesta e deixado poucos registros sobre seus negócios.
Em 21 de janeiro de 1799, o Guarda-Mor casou-se com Maria Joaquina do Nascimento Costa Viana, filha de Joaquim da Costa Viana, proprietário da Fazenda da Serra, situada a 17 km da Fazenda do Cipó, e teve com ela nove filhos. Após ficar viúvo, ele casou-se novamente em 13 de setembro de 1815 com Ana Teodora Bitencourt e Sá, de família abastada, natural de Mato Grande, no município de Santana do Riacho, com quem teve três filhos. Em 6 de outubro de 1823, os irmãos Morais deixaram a região, vendendo suas terras ao Guarda-Mor pelo valor de 336.000 réis. Este, por sua vez, ampliou a construção existente – obra que foi festivamente inaugurada em 29 de abril de 1829, com a inclusão da bela Capela de São José Operário –, transformando o edifício na imponente casa grande que permaneceu praticamente inalterada por 185 anos, consolidando a sede da Fazenda do Cipó.
Sob a administração dos filhos do Guarda-Mor – Bernardo Francisco (Tico), Padre José dos Santos, João Batista dos Santos Viana e Felicíssimo dos Santos Ferreira – a fazenda tornando-se o um grande centro de produção de agricultura, indústria, pecuária e comercio, da região com mão de obra escrava. Registra-se que mais de cem escravizados trabalhavam na propriedade.
Agricultura: Cultivavam-se cereais, cana-de-açúcar, algodão e trigo.
Indústria: A cana-de-açúcar era processada em engenhos para a produção de rapadura e aguardente, enquanto o algodão produzido era utilizado nos teares da própria fazenda para confeccionar roupas de trabalho.
Pecuária e Comércio: A propriedade também mantinha animais, moinhos, atafonas e máquinas rudimentares. A exportação dos produtos se realizava por meio de tropas de cavalos, que, em algumas ocasiões, alcançavam até a cidade do Rio de Janeiro.
Próximo ao ano de 1840, foi inaugurada a “Casa da Glória” – que mais tarde se tornaria a Casa de Padre Candinho –, dotada de uma capelinha, e, por volta de 1870, Izabel, uma das filhas do Guarda-Mor, inaugurou outra construção anexa à casa grande, conhecida como Casa de D. Áurea. Essas edificações, que ainda se conservam, o legado arquitetônico e familiar que deu origem a diversas famílias estabelecidas na região do Cipó, como os Ferreira, Santos, Nogueira, entre outras.
Com o passar dos séculos, a Fazenda Cipó consolidou-se como um importante marco histórico e cultural. Atualmente, a casa grande, a capela e as senzalas são tombadas como patrimônio em nível municipal.
Embora o espaço abrigue um museu que recebe visitantes interessados em conhecer sua rica história e arquitetura colonial, o local não desenvolve, na atualidade, projetos de arte, educação ou integração com a comunidade. A Fazenda do Cipó segue como um importante ponto de visitação.
Fontes: