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Dissertação apresentada ao Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais, para obtenção do título de Mestre em Biologia Vegetal, Área de Concentração Taxonomia Vegetal.
A família Velloziaceae é um destaque da flora dos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço, uma das mais importantes formações montanhosas do Brasil. Com aproximadamente 250 espécies, cerca de 80% são endêmicas do Brasil, sendo a Cadeia do Espinhaço o principal centro de diversidade desse grupo botânico.
Os campos rupestres, onde as espécies de Velloziaceae se destacam, são caracterizados por solos arenosos e rochosos, formando verdadeiras ilhas de vegetação. Nessas formações, a Velloziaceae, especialmente o gênero Vellozia, conhecido popularmente como canelas-de-ema, desempenha um papel fundamental como:
Forófitos: Oferecem suporte para orquídeas epífitas, abelhas e outros insetos.
Plantas simbióticas: Interagem com diferentes espécies, contribuindo para o equilíbrio ecológico.
Vellozia gigantea
Encontrada principalmente no Parque Nacional da Serra do Cipó, essa espécie pode atingir até 6 metros de altura. É considerada uma das maiores da família.
Sofre ameaças constantes, como queimadas, extração de ramos para coleta de orquídeas e degradação do habitat.
Vellozia auriculata
Inicialmente conhecida por uma distribuição limitada no Espinhaço, novas populações foram encontradas recentemente.
Habita substratos rochosos e arenosos, sendo extremamente sensível às alterações ambientais.
Vellozia auriculata
Vellozia gigantea
A preservação das Velloziaceae é essencial não apenas pela sua beleza e papel ecológico, mas também pela alta estruturação genética das suas populações, que reflete a história evolutiva única dessas plantas. Projetos como o do ICMBio, que visa expandir o Parque Nacional da Serra do Cipó, são fundamentais para proteger essas espécies e garantir que futuras gerações possam apreciá-las.
Além disso, a conservação dessas plantas contribui para a manutenção dos serviços ecossistêmicos dos campos rupestres, garantindo a estabilidade hídrica, a preservação do solo e o suporte à biodiversidade local.
Ambas as espécies são classificadas como “Em Perigo” na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas do Estado de Minas Gerais, devido à sua distribuição restrita e às pressões ambientais.
As Velloziaceae representam a resiliência e a riqueza dos campos rupestres da Serra do Espinhaço. Sua conservação é um desafio que exige esforços coordenados entre pesquisadores, governos e comunidades locais, visando preservar esse patrimônio natural único do Brasil.
Marina Dutra Miranda